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Fotografia de Diário de Notícias, 16/10/2014: Rua das Trinas |
O
cheiro a pão quente e acabado de sair do forno não engana. Tínhamos chegado á
famosa Padaria das Trinas. Na rua, homens e mulheres vestidos com uma farda
branca “jogam” atarefados e sorridentes, ao mesmo tempo que entram e saem do
interior da Padaria das Trinas. Ao lado, uma outra funcionária do espaço,
decora a montra com o pão de ló de referência que trás tantas e tantas pessoas
à cidade berço, Guimarães.
Jesualdo Cunha, proprietário da Padaria das Trinas
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Jesualdo de Oliveira Cunha, chegou à Padaria das
Trinas com apenas 11 anos de idade: “Eu vivi (desde pequenino, nós eramos 10
irmãos, o meu pai era sozinho a trabalhar) e fui criado aqui como um filho. Eu
comia aqui, almoçava, jantava, dormia, depois estudava. Trabalhava das 3 da
manhã até às 7 da tarde e depois ia estudar para a escola industrial até às 11
horas da noite, ia para a escola de noite.” Trabalhou como padeiro, no balcão,
na pastelaria, no escritório e por fim, chegou a proprietário juntamente com
Joaquim Ribeiro (também ele antigo funcionário) e Maria Eduarda Mendes Pinto
Fernandes, descendente da família fundadora. A padaria das Trinas, segundo
Jesualdo Cunha, tem-se adaptado bem à mudança dos tempos “as pessoas cada vez
mais procuram tudo o que é singular. Falar dos milhos transgénicos, dos cereais
transgénicos, nós aqui abdicamos disso. Há uma parte que é fundamental numa
empresa, a parte informática, nós aí estamos sempre atualizados. As casas,
mesmo a nível de restauração e tudo, as casas que têm sucesso são aquelas que
continuam a manter os seus postos de trabalho e a trabalhar tudo como se
trabalhava antigamente. Mesmo para o pão, seja pão, seja bolos, seja o que for,
manter aquele cheirinho, não é? Estar a comer um pão e cheirar a pão, comer um
croissant e lembrar dos croissants antigos.”
O pão saloio é uma criação da casa. Nasceu nas Trinas
há quase 25/30 anos e é um produto muito especial para Jesualdo porque para
além de ter sido uma criação sua, foi um sucesso a nível nacional: “É um pão
que nós fazemos com mistura de várias farinhas, amassado à nossa maneira, não
vou dizer como, e cozido também à nossa maneira, também não vou dizer como.
Este pão, sendo uma criação minha, é um macro da história da empresa.” O nome
Trinas foi retirado a um recolhimento de idosas que havia na antiga Rua 5 de
Outubro, o recolhimento das Trinas. Como a empresa estava ao lado do
recolhimento, os donos resolveram dar o nome de Padaria das Trinas. “Com o
sucesso da padaria, dos seus produtos de padaria, pastelaria, restauração,
serviços que a gente fazia de casamentos, instituições que a gente servia, que
sempre fomos ajudando da maneira que pudemos, a rua começou a ter tanto
movimento que passou-se a dar o nome da padaria à rua.” (Jesualdo Cunha) Foi
assim que a Rua 5 de Outubro começou a chamar-se Rua das Trinas.
Fotografia antiga da rua |
Interior da Padaria das Trinas atualmente
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Júlio Mendes Fernandes, fundador da Padaria das Trinas
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