sábado, 25 de abril de 2015

Adega dos Caquinhos!


Uma rua mais apertada da cidade Berço dirige as pessoas para a Adega dos Caquinhos. Um restaurante que sorri aos seus visitantes há 60 anos. Entramos, e não encontramos o normal de cada restaurante de hoje em dia, mas sim um lugar acolhedor, que prima pela sua decoração e pela animação garantida com a famosa Dona Augusta, proprietária e cozinheira do espaço.


Entrada da Adega dos Caquinhos 

A Adega dos Caquinhos mora na Rua da Arrochela, perto do Largo do Toural, em Guimarães. Há quem diga que aquele lugar é excelente em fazer as pessoas sentir-se em casa. A sua decoração rústica torna o local mais caseiro do que a maioria dos restaurantes e a língua afiada da Dona Augusta faz com que o lugar perca o rótulo de típico estabelecimento de restauração. Nas suas paredes podemos encontrar pequenos pedaços de Caquinhos como decoração. Estes, deram o nome ao local, desde o seu nascimento, há 60 anos.

Parede da Adega dos Caquinhos

A família da Dona Augusta vive na Adega dos Caquinhos há cerca de 53 anos. O espaço já passou pelas mãos dos pais e do marido da atual proprietária: “Esta casa já estava nas mãos de outras pessoas. Depois fecharam e a minha mãe abriu. Desde que a minha mãe abriu, já estamos aqui há 52/ 53 anos. Isto era da minha mãe, depois ela passou para o nome do meu falecido homem e agora é meu. Em meu nome vai fazer 9 anos. Antes estava no nome do meu falecido homem, mas eu sempre trabalhei aqui. É a minha casa.” (Dona Augusta) E talvez por ser a sua casa, a Dona Augusta vive e fala como se estivesse mesmo em casa. Há pessoas que passam lá só para a ouvir falar. Como a própria afirma “Às vezes até tenho muitos clientes conhecidos, e há dias em que não me apetece falar, e eles perguntam “tu hoje estás doente?” e eu digo-lhes ide para a pqvp* que não estou para vos aturar. Às vezes há aqueles clientes que já vêm avisados, “olha que ela fala mal”, e às vezes ficam dececionadas porque chegam aqui e eu não falo para ninguém porque estou entretida com a cozinha e as pessoas vão embora tristes. Na capital europeia estiveram aqui uns casais de idade e calhou de eu ir à mesa deles e ela diz-me assim “sabe, eu vou muito triste. Ali fora disseram-me que você era muita malcriada e não a ouvi a falar nada.” E eu disse-lhe assim “olha, diz-lhes para irem para a pqvp*.” E ela disse que assim já ia mais satisfeita. Há muitos clientes que vêm aqui porque eu falo para eles e eles dizem que parece que estão em casa com a família.”

Decoração do restaurante

Na Adega dos Caquinhos não existem diárias. A comida típica portuguesa é a especialidade da casa. Arroz de Frango, rojões, bucho recheado, vitela e lombo assado ou umas boas Tripas são os pratos que podemos encontrar no local. A preocupação com os alimentos é algo que existe. Alimentos portugueses e caseirinhos são alvo de preferência da cozinheira da casa. Esta, refere que as coisas antigamente eram melhores do que hoje em dia “As comidas agora não são como eram antigamente. É totalmente diferente, eles dizem que é mas não é nada. Agora é tudo à base de adubos, tudo de estufas. Antigamente havia uma coisa que era só naquele sítio que tinha, agora tem em todo o lado. Coisas que agora há todo o ano, não era assim antigamente.”

Quadro decorativo da Adega dos Caquinhos. Imagem da rua.

Adega dos Caquinhos, um lugar a visitar na bela cidade de Guimarães. Uma casa diferente, uma casa portuguesa, com certeza!

Como cantava a Amália Rodrigues:

Numa casa portuguesa, fica bem
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente
Bate alguém
Senta-se à mesa com a gente
Fica bem esta franqueza, fica bem
Que o povo nunca desmente.”


*A famosa língua da Dona Augusta define-se pela utilização do português calão.
Exemplo utilizado no artigo: Pqvp - puta que vos pareu


 Ana Campos


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