Uma
rua mais apertada da cidade Berço dirige as pessoas para a Adega dos Caquinhos.
Um restaurante que sorri aos seus visitantes há 60 anos. Entramos, e não
encontramos o normal de cada restaurante de hoje em dia, mas sim um lugar
acolhedor, que prima pela sua decoração e pela animação garantida com a famosa
Dona Augusta, proprietária e cozinheira do espaço.
Entrada da Adega dos Caquinhos
A Adega dos Caquinhos
mora na Rua da Arrochela, perto do Largo do Toural, em Guimarães. Há quem diga
que aquele lugar é excelente em fazer as pessoas sentir-se em casa. A sua
decoração rústica torna o local mais caseiro do que a maioria dos restaurantes
e a língua afiada da Dona Augusta faz com que o lugar perca o rótulo de típico estabelecimento
de restauração. Nas suas paredes podemos encontrar pequenos pedaços de Caquinhos
como decoração. Estes, deram o nome ao local, desde o seu nascimento, há 60
anos.
Parede da Adega dos Caquinhos
A família da Dona
Augusta vive na Adega dos Caquinhos há cerca de 53 anos. O espaço já passou
pelas mãos dos pais e do marido da atual proprietária: “Esta casa já estava nas
mãos de outras pessoas. Depois fecharam e a minha mãe abriu. Desde que a minha
mãe abriu, já estamos aqui há 52/ 53 anos. Isto era da minha mãe, depois ela
passou para o nome do meu falecido homem e agora é meu. Em meu nome vai fazer 9
anos. Antes estava no nome do meu falecido homem, mas eu sempre trabalhei aqui. É a minha casa.” (Dona Augusta) E talvez por ser a sua casa, a Dona
Augusta vive e fala como se estivesse mesmo em casa. Há pessoas que passam lá
só para a ouvir falar. Como a própria afirma “Às vezes até tenho muitos
clientes conhecidos, e há dias em que não me apetece falar, e eles perguntam
“tu hoje estás doente?” e eu digo-lhes ide para a pqvp* que não estou para vos aturar. Às vezes há aqueles clientes
que já vêm avisados, “olha que ela fala mal”, e às vezes ficam dececionadas
porque chegam aqui e eu não falo para ninguém porque estou entretida com a
cozinha e as pessoas vão embora tristes. Na capital europeia estiveram aqui uns
casais de idade e calhou de eu ir à mesa deles e ela diz-me assim “sabe, eu vou
muito triste. Ali fora disseram-me que você era muita malcriada e não a ouvi a
falar nada.” E eu disse-lhe assim “olha, diz-lhes para irem para a pqvp*.” E ela disse que assim já ia mais
satisfeita. Há muitos clientes que vêm aqui porque eu falo para eles e eles dizem
que parece que estão em casa com a família.”
Decoração do restaurante
Na Adega dos Caquinhos
não existem diárias. A comida típica portuguesa é a especialidade da casa.
Arroz de Frango, rojões, bucho recheado, vitela e lombo assado ou umas boas
Tripas são os pratos que podemos encontrar no local. A preocupação com os
alimentos é algo que existe. Alimentos portugueses e caseirinhos são alvo de
preferência da cozinheira da casa. Esta, refere que as coisas antigamente eram
melhores do que hoje em dia “As comidas agora não são como eram antigamente. É
totalmente diferente, eles dizem que é mas não é nada. Agora é tudo à base de
adubos, tudo de estufas. Antigamente havia uma coisa que era só naquele sítio
que tinha, agora tem em todo o lado. Coisas que agora há todo o ano, não era
assim antigamente.”
Quadro decorativo da Adega dos Caquinhos. Imagem da rua.
Adega dos Caquinhos, um
lugar a visitar na bela cidade de Guimarães. Uma casa diferente, uma casa portuguesa,
com certeza!
Como
cantava a Amália Rodrigues:
“Numa casa portuguesa, fica bem
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente
Bate alguém
Senta-se à mesa com a gente
Fica bem esta franqueza, fica bem
Que o povo nunca desmente.”
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente
Bate alguém
Senta-se à mesa com a gente
Fica bem esta franqueza, fica bem
Que o povo nunca desmente.”
*A
famosa língua da Dona Augusta define-se pela utilização do português calão.
Exemplo
utilizado no artigo: Pqvp - puta que
vos pareu
Ana Campos
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