Perdida em Guimarães é a nova rubrica do In Guimarães. Baseia-se numa apresentação de vários locais históricos da cidade Berço, pela visão de uma jovem denominada Maria (nome fictício). A Maria não é de Guimarães e não conhece a cidade. Assim, a cada rubrica que irá escrever, vai apresentar um pouco da história dos lugares visitados e dizer o que achou de cada espaço por onde passou. Está preparado para esta aventura pelos caminhos da cidade de Guimarães?
Perdida em Guimarães! Visita 1
O
meu nome é Maria. Vim para Guimarães trabalhar este ano e apercebi-me de uma
coisa: não conheço nada desta cidade! Tenho a desculpa de não ter nascido cá,
não ter morado cá e bem, durante toda a minha vida, terem sido raras as vezes
que tive oportunidade de fazer uma ou outra visitinha. Contudo, admito que me
sinto um pouco culpada por nunca ter tirado um tempo para visitar a cidade
Berço! É que, vou confessar, amei o pouco que vi e estou com a sensação que vou
gostar ainda mais do que me falta ver!
Esta
vai ser, com certeza, uma viagem inesquecível. Novos lugares, novos
conhecimentos, novas pessoas. Por isso, decidi partilhar esta aventura com
todos os vimaranenses. Desta forma, podem corrigir se eu estiver a cometer
alguma gralha na minha pesquisa e quem sabe, relembrar alguns lugares de
Guimarães que já não veem há muito tempo.
Prontos?
Eu estou!
A
primeira coisa que fiz foi ligar o meu computador. Eu sei, podia simplesmente entrar no carro e ir à
aventura. Mas eu sou daquelas pessoas que gosta de planear. Portanto, fui fazer
uma viagem virtual pelos lugares históricos de Guimarães. E escolhi duas zonas
diferentes.
O
primeiro lugar que visitei foi o Castelo de Guimarães. Lugar onde, segundo a
história, nasceu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques! Situa-se na
freguesia de Oliveira do Castelo. Foi classificado como Monumento Nacional em
2007 e eleito informalmente como uma das Sete Maravilhas de Portugal.
Resolvi
criar uma pequena calendarização para me situar na história:
- Diogo Fernandes, cavaleiro de origem castelhana, recebe o domínio de Vimaranes;
- Uma das suas filhas, Mumadona Dias, acaba por governar desde meados do século X ao século XI os domínios de Portucale. Depois de ficar viúva divide os mesmos com os seus seis filhos;
- Mumadona Dias constrói um mosteiro na parte baixa da povoação de Vimaranes;
- Povoação dividida em duas partes: uma no topo do Monte Largo e outra no mosteiro;
- Na tentativa de defesa do núcleo monacal, desencadeia a construção de um castelo no Topo do Monte Largo;
- Um século depois, a povoação de Vimaranes encontrava-se entre os domínios doados pelo rei Afonso VI de Leão e Castela a D. Henrique de Borgonha (Condado Portucalense);
- O conde D. Henrique e esposa tomam o castelo como sua residência. Construção de Mumadona destruída e construção da Torre de Menagem;
- O Castelo testemunhou o embate de D. Afonso Henriques e o rei Afonso VII de Leão e Castela, bem como o de D. Afonso Henriques com D. Teresa;
- Final do século XII e início do século XIII como provável início do amuralhamento da vila;
- Em meados do século XIII acontece a unificação da vila do Castelo à vila de Santa Maria;
- Em junho de 1385 a vila foi cercada e D. João I une as duas partes num único concelho: denominado por Guimarães;
- A partir do século XV, o Castelo perdeu a sua função defensiva;
- No século XVI era a Cadeia Municipal e no seguinte um palheiro do rei;
- Em 1836 um membro da Sociedade Patriótica Vimaranense defendeu a demolição do Castelo e o uso da pedra para calcetar as ruas de Guimarães, mas a proposta não foi aceite;
- Vila foi elevada a cidade em 1853 e o Castelo de Guimarães classificado como Monumento Histórico de 1ª Classe em 1881;
- Reinauguração em 1940;
- Atualmente, encontra-se bem conservado e aberto ao público.
Visitar
lugares e conhecer a história deles é completamente diferente de visitar por
visitar. É uma sensação tão boa quando chegamos a um local histórico e sabemos
que já passaram por ali tantas lições de vida, contos que dariam livros, um
número infinito de vivências. A sensação que eu tive quando cheguei ao Castelo
de Guimarães foi essa, uma variedade de sentimentos e uma curiosidade imensa
para saber quem passou por ali durante tantos séculos e o que os movia para
tal.
Provavelmente,
há muita gente que diz que não há nada para ver ali a não ser pedras, mas na
minha visão da matéria, cada pedra que lá está conta uma história diferente.
Gostei do que vi. E fiquei triste por não ter conseguido ver mais.
Infelizmente, o Castelo tinha zonas interditas porque está em obras. E como não
quero que ninguém acabe por bater com o nariz na porta, aqui ficam os dias em
que o Castelo de Guimarães irá estar fechado ao público!
Aviso de encerramento |
Andei
uns passos e encontrei a Igreja de S. Miguel do Castelo. Esta, serviu de capela
real e igreja paroquial. Conta a história que foi aqui que D. Afonso Henriques
foi batizado e podemos encontrar a pia batismal dentro do edifício. A capela
encontra-se aberta ao público. É uma capela em estilo românico com ascensão ao
gótico e sendo de pequenas dimensões, não oferece espaço para muitas pessoas ao
mesmo tempo. Contudo, se os visitantes forem organizados não há nenhum
atropelamento.
Igreja de S. Miguel do Castelo |
Pia onde foi batizado D. Afonso Henriques |
O
Castelo de Guimarães, a Igreja de S. Miguel de Castelo e o seu vizinho Paço dos
Duques de Bragança foram classificados como Monumentos Nacionais em junho de
1910. Estão rodeados por uma agradável área de espaços verdes que convidam as
famílias a uma visita encantadora. Nada como estudar um pouco da história de
Portugal ao mesmo tempo que respiramos ar puro.
Antes de
ir embora e seguir viagem para a segunda zona de visita escolhida, passei pela
Estátua D. Afonso Henriques. Esta estátua é uma obra de Soares dos Reis
(estátua) e José António Gaspar (pedestal). A ideia da construção partiu de um
grupo de portugueses que moravam no Brasil e simboliza o rei conquistador que
lutou na defesa do reino português.
Estátua D. Afonso Henriques |
A
aproximadamente 7 quilómetros de Guimarães, na estrada nacional que segue para Braga,
podemos encontrar a vila Caldas das Taipas. Lá, existe um parque muito
acolhedor e o lugar perfeito para um bom lanche ao ar livre. Junto ao rio,
podemos encontrar uma ponte pedestre que nos permite alargar o passeio para a
outra margem. Gostei muito do lugar. Encontrei pessoas de todas as idades,
senhores mais velhos animados a jogar ao petanca,
crianças a andar de bicicleta, casais de namorados a passear e mesmo
pessoas na sua corrida diária. É um bom lugar para relaxar e não podia ter
escolhido um lugar melhor para descansar deste dia de visita a Guimarães.
Parque Caldas das Taipas |
Parque Caldas das Taipas |
Este dia está! Vou já ao computador escolher os próximos lugares desta linda cidade de Guimarães!
Alguma
sugestão?
Maria
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