segunda-feira, 13 de abril de 2015

Entrevista a Avelino Faria, proprietário da Casa Júpiter!

No passado sábado, o In Guimarães apresentou mais uma loja de comércio tradicional da nossa cidade de Guimarães: a Casa Júpiter. Uma casa especializada na venda de guarda-chuvas e chapéus que conta já com os seus 95 anos de idade. 

Segue agora a entrevista completa ao proprietário do local, Avelino Faria.


In Guimarães - Qual é o seu nome?
Casa Júpiter: Avelino Faria.

In Guimarães – Quantas gerações já passaram por esta casa?
Casa Júpiter: É a terceira.

In Guimarães – Qual é o seu percurso na Casa Júpiter?
Casa Júpiter: O meu percurso é desde o início. Isto vinha dos meus pais, fiz os estudos que eram normais na altura e depois assumi.

In Guimarães – Há quanto tempo é proprietário da Casa Júpiter?
Casa Júpiter: Desde 1980, números redondos.

In Guimarães – Quais os produtos que as pessoas podem encontrar aqui?
Casa Júpiter: Especialmente guarda-chuvas e chapéus. Depois há outros artigos para aquelas épocas sazonais em que é necessário vender qualquer coisa para não estarmos parados mas fundamentalmente os guarda-chuvas e os chapéus.

In Guimarães – O guarda-chuva é o produto mais vendido?
Casa Júpiter: Nós estamos ligados ao fabrico de guarda-chuvas. Agora com o artigo chinês que por aí prolifera houve uma queda acentuada da venda dos guarda-chuvas e entretanto veio a moda dos chapéus e começou a subir a venda dos chapéus numa determinada gama porque na outra relacionada aquelas pessoas ligadas à agricultura só pessoas de muita idade é que usam e cada um que morre é menos um cliente de chapéus. Agora há outros modelos que sendo moda, qualquer um, independentemente da idade usa. Agora dizer qual é o volume de uma coisa e de outra temos que separar pela linha de fabrico.

In Guimarães – Onde são produzidos os guarda-chuvas?
Casa Júpiter: Nós temos fabrico de guarda-chuvas numas determinadas referências do tempo do meu pai e do meu avô e como não queremos o artigo chinês dentro de portas temos marcas ligadas a Espanha.

In Guimarães – Como é que se adaptou o lugar à mudança dos tempos?
Casa Júpiter: Com bastantes dificuldades, mas fomos evoluindo. Tentando ver o que o cliente procura, fomos adaptando as novas realidades, a mudança de Guimarães para Capital Europeia da Cultura, obras e estar aqui neste local, fomos à procura daquilo que o cliente entende que quer.

In Guimarães – Quantas pessoas é que trabalham na Casa Júpiter?
Casa Júpiter: Neste momento três.

In Guimarães – Como se encontra o negócio, atualmente, com a crise financeira pela qual o país passa?
Casa Júpiter: Com esta crise financeira há um decréscimo. Acontece que sem explicação aparente entramos em 2015 e é uma queda impressionante. Quando se fala para aí que há recuperação, que vai haver … nós aqui estamos a sentir… 2014 ainda foi um ano como outro qualquer e o 2015 nem o encontro. Já estivemos a ver o quê e o que não, mas não encontramos explicação. Os meses de Janeiro e Fevereiro foram terríveis, não há qualificação. Não sei se é falta de turistas por causa do chapéu que nós vendemos, se está a acontecer de não haver chuva nestes três meses, qual a influência. Mas para nós, Casa Júpiter, é uma fase terrível neste primeiro trimestre.

In Guimarães – Depois de tantos anos a trabalhar aqui, existe alguma história que o marcou mais?
Casa Júpiter: Bom, claro que há. Por exemplo, um amigo meu gastava bastante de cabeça, números. O número dele era bastante grande. E chegava cá “Oh Faria, tem um chapéu para a minha cabeça?” Ele experimentava, experimentava e nenhum lhe servia. E depois dizia “é uma casa especializada e não tem chapéus par homens…” Passava um tempo e voltava. Até que eu cheguei a uma altura que comecei a não gostar muito da brincadeira e digo assim espera que vou-te pregar a partida. Ele veio mais uma vez e “ então já tens chapéus para homens?” E digo-lhe assim: olha, chapéus não tenho, mas tenho a secção de campismo e eu arranjo-te um tolde.” Ele ficou aborrecido, não gostou muito da piada mas foi remédio santo, ele nunca mais me veio perguntar por tamanho de chapéus. Esta é uma das que eu acho engraçada. Mas há outras.

In Guimarães – Casa Júpiter. Porquê a escolha deste nome?
Casa Júpiter: Foi o meu pai que na altura achou que deveria ter uma marca para os guarda-chuvas para ser personalizado. Porque existiam outras no mercado nacional, par haver uma distinção. E com a produção e vendas às casas comerciais… para haver uma diferença. O nome, como outro qualquer… Pensou nos astros, Júpiter é o Deus dos Deuses na mitologia grega e ele achou curioso e pronto, ficou até aos dias de hoje. Temos essa marca registada em guarda-chuvas.

In Guimarães Na sua opinião, o que é que distingue a Casa Júpiter dos outros estabelecimentos?
Casa Júpiter: Bom, em termos comerciais distinguimo-nos pelos anos que temos no mercado. Somos bastante conhecidos cá na cidade e não só, o nosso produto é de qualidade, não pretendemos vender médio ou baixo, é do médio para cima porque quem nos conhece está habituado a que o artigo seja aquilo que pretende e vem daí a diferença. Não temos uma casa moderna como as do Shopping nem como estas novas que aparecem, é uma casa tradicional e temos a nossa clientela. Mas principalmente pela qualidade se não penso que não estaríamos cá há 95 anos.

In Guimarães Há alguma mensagem que deseje deixar aos seus clientes ou futuros clientes?
Casa Júpiter: Para confiar no produto. Iremos tentar continuar a servi-los bem. Tenham confiança e que a gente esteja cá muitos anos e eles também. Com saúde.  


Ana Campos, jornalista do In Guimarães já experimentou alguns chapéus na Casa Júpiter. Agora é a sua vez :)

~


Sem comentários:

Enviar um comentário