No passado sábado, o In Guimarães apresentou mais uma loja de comércio tradicional da nossa cidade de Guimarães: a Casa Júpiter. Uma casa especializada na venda de guarda-chuvas e chapéus que conta já com os seus 95 anos de idade.
Segue agora a entrevista completa ao proprietário do local, Avelino Faria.
In
Guimarães - Qual é o seu nome?
Casa
Júpiter: Avelino Faria.
In
Guimarães – Quantas gerações já passaram por esta casa?
Casa
Júpiter: É a terceira.
In
Guimarães – Qual é o seu percurso na Casa Júpiter?
Casa
Júpiter: O meu percurso é desde o início. Isto vinha dos
meus pais, fiz os estudos que eram normais na altura e depois assumi.
In
Guimarães – Há quanto tempo é proprietário da Casa Júpiter?
Casa
Júpiter: Desde 1980, números redondos.
In
Guimarães – Quais os
produtos que as pessoas podem encontrar aqui?
Casa
Júpiter: Especialmente guarda-chuvas e chapéus. Depois há
outros artigos para aquelas épocas sazonais em que é necessário vender qualquer
coisa para não estarmos parados mas fundamentalmente os guarda-chuvas e os
chapéus.
In
Guimarães – O guarda-chuva é o produto mais vendido?
Casa
Júpiter: Nós estamos ligados ao fabrico de guarda-chuvas.
Agora com o artigo chinês que por aí prolifera houve uma queda acentuada da
venda dos guarda-chuvas e entretanto veio a moda dos chapéus e começou a subir
a venda dos chapéus numa determinada gama porque na outra relacionada aquelas
pessoas ligadas à agricultura só pessoas de muita idade é que usam e cada um que
morre é menos um cliente de chapéus. Agora há outros modelos que sendo moda,
qualquer um, independentemente da idade usa. Agora dizer qual é o volume de uma
coisa e de outra temos que separar pela linha de fabrico.
In
Guimarães – Onde são
produzidos os guarda-chuvas?
Casa
Júpiter: Nós temos fabrico de guarda-chuvas numas
determinadas referências do tempo do meu pai e do meu avô e como não queremos o
artigo chinês dentro de portas temos marcas ligadas a Espanha.
In
Guimarães – Como é que
se adaptou o lugar à mudança dos tempos?
Casa
Júpiter: Com bastantes dificuldades, mas fomos evoluindo.
Tentando ver o que o cliente procura, fomos adaptando as novas realidades, a
mudança de Guimarães para Capital Europeia da Cultura, obras e estar aqui neste
local, fomos à procura daquilo que o cliente entende que quer.
In
Guimarães – Quantas
pessoas é que trabalham na Casa Júpiter?
Casa
Júpiter: Neste momento três.
In
Guimarães – Como se
encontra o negócio, atualmente, com a crise financeira pela qual o país passa?
Casa
Júpiter: Com esta crise financeira há um decréscimo. Acontece
que sem explicação aparente entramos em 2015 e é uma queda impressionante.
Quando se fala para aí que há recuperação, que vai haver … nós aqui estamos a
sentir… 2014 ainda foi um ano como outro qualquer e o 2015 nem o encontro. Já
estivemos a ver o quê e o que não, mas não encontramos explicação. Os meses de
Janeiro e Fevereiro foram terríveis, não há qualificação. Não sei se é falta de
turistas por causa do chapéu que nós vendemos, se está a acontecer de não haver
chuva nestes três meses, qual a influência. Mas para nós, Casa Júpiter, é uma
fase terrível neste primeiro trimestre.
In
Guimarães – Depois de
tantos anos a trabalhar aqui, existe alguma história que o marcou mais?
Casa
Júpiter: Bom, claro que há. Por exemplo, um amigo meu
gastava bastante de cabeça, números. O número dele era bastante grande. E
chegava cá “Oh Faria, tem um chapéu para a minha cabeça?” Ele experimentava,
experimentava e nenhum lhe servia. E depois dizia “é uma casa especializada e
não tem chapéus par homens…” Passava um tempo e voltava. Até que eu cheguei a
uma altura que comecei a não gostar muito da brincadeira e digo assim espera
que vou-te pregar a partida. Ele veio mais uma vez e “ então já tens chapéus
para homens?” E digo-lhe assim: olha, chapéus não tenho, mas tenho a secção de
campismo e eu arranjo-te um tolde.” Ele ficou aborrecido, não gostou muito da
piada mas foi remédio santo, ele nunca mais me veio perguntar por tamanho de
chapéus. Esta é uma das que eu acho engraçada. Mas há outras.
In
Guimarães – Casa
Júpiter. Porquê a escolha deste nome?
Casa
Júpiter: Foi o meu pai que na altura achou que deveria ter
uma marca para os guarda-chuvas para ser personalizado. Porque existiam outras
no mercado nacional, par haver uma distinção. E com a produção e vendas às
casas comerciais… para haver uma diferença. O nome, como outro qualquer… Pensou
nos astros, Júpiter é o Deus dos Deuses na mitologia grega e ele achou curioso
e pronto, ficou até aos dias de hoje. Temos essa marca registada em
guarda-chuvas.
In
Guimarães – Na sua opinião, o que é que distingue a
Casa Júpiter dos outros estabelecimentos?
Casa
Júpiter: Bom, em termos comerciais distinguimo-nos pelos
anos que temos no mercado. Somos bastante conhecidos cá na cidade e não só, o
nosso produto é de qualidade, não pretendemos vender médio ou baixo, é do médio
para cima porque quem nos conhece está habituado a que o artigo seja aquilo que
pretende e vem daí a diferença. Não temos uma casa moderna como as do Shopping
nem como estas novas que aparecem, é uma casa tradicional e temos a nossa
clientela. Mas principalmente pela qualidade se não penso que não estaríamos cá
há 95 anos.
In
Guimarães – Há alguma mensagem que deseje deixar aos
seus clientes ou futuros clientes?
Casa
Júpiter: Para confiar no produto. Iremos tentar continuar a
servi-los bem. Tenham confiança e que a gente esteja cá muitos anos e eles
também. Com saúde.
Ana Campos, jornalista do In Guimarães já experimentou alguns chapéus na Casa Júpiter. Agora é a sua vez :) |
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